No interior de Vitória da Conquista, no Colégio Estadual do Campo Cabeceira do Jiboia, uma jovem estudante de apenas 17 anos, Maria Luiza Almeida, alcançou uma conquista digna de orgulho e reflexão. Sua nota de 900 na redação do Enem não é apenas um resultado individual, mas um marco que evidencia a força e a capacidade dos estudantes da educação do campo, mesmo diante de desafios estruturais que persistem e exigem soluções urgentes.
Maria Luiza não teve acesso facilitado aos recursos educacionais que muitos consideram básicos. Moradora de uma área rural, desde o Ensino Fundamental, onde passou pela Escola Municipal Domingos Olímpio, no povoado da Limeira, ela enfrentou as limitações de conexão com a internet, a escassez de materiais didáticos atualizados e a distância de grandes centros urbanos. Contudo, sua disciplina e organização se tornaram armas potentes na superação dessas barreiras. Com apoio familiar, o suporte dos professores e o uso criativo das ferramentas tecnológicas disponíveis, Maria demonstrou que o talento não tem CEP e que os estudantes do campo são igualmente capazes de brilhar.

Entretanto, o protagonismo de Maria e seus mestres poderia ser algo comum e generalizado nas escolas públicas, se houvesse real investimento na qualidade da educação pública. Esse resultado também aponta para a necessidade de refletirmos sobre a situação da educação no campo, que historicamente enfrenta o descaso dos governos. É preciso reconhecer que, em localidades afastadas dos grandes centros urbanos, como as áreas rurais de Vitória da Conquista, há uma carência significativa de infraestrutura, recursos pedagógicos e programas de formação continuada para professores. Esses fatores tornam ainda mais evidente a desigualdade educacional entre o campo e a cidade.
Diante do recente ataque à educação do campo e sobretudo à educação quilombola, com o fechamento arbitrário de 14 escolas, a história de Maria nos lembra da importância da educação do campo e do papel dos professores, que muitas vezes trabalham em condições adversas, mas permanecem comprometidos em garantir um ensino de qualidade. São esses educadores que, com dedicação e criatividade, ajudam a formar estudantes como Maria, provando que a educação é um instrumento transformador.
No contexto de Vitória da Conquista, é urgente que tanto o Governo Municipal quanto o Estadual invistam de forma consistente na educação do campo. Isso significa ampliar a infraestrutura das escolas rurais, garantindo acesso a materiais didáticos atualizados, conexão à internet e transporte escolar digno. Também significa oferecer condições de trabalho justas para os professores, incluindo o cumprimento integral de leis trabalhistas remuneratórias, planos de carreira e formação continuada.
A educação do campo não é apenas uma questão de justiça social, mas de compromisso com o futuro. Como bem demonstrou Maria Luiza, os estudantes dessas regiões são capazes de grandes feitos, desde que lhes sejam dadas as ferramentas necessárias. Sua nota 900 é um alerta de que o potencial existe, mas o suporte precisa ser ampliado.
O Simmp parabeniza e se solidariza com essa jovem, que representa a esperança e a força da juventude do campo, e reafirma seu compromisso em lutar por uma educação pública de qualidade para todos. Que a história de Maria inspire outros jovens e que, juntos, possamos construir um sistema educacional mais justo e igualitário.