Jane: 33 anos de um amor que não se aposenta

SIMMP

Redação

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Há histórias que nascem entre paredes. Outras, como a de Edjaine Jardim — a professora Jane — começam em chão de terra, em garagem de associação de bairro, no improviso que é também um ato de resistência. Foi em 1988, no Petrópolis, muito antes de qualquer assinatura em diário oficial, que ela “começou” a ser professora. Antes do concurso, antes do contracheque, antes da sala de aula institucionalizada, já existia a vocação. E ali, diante de poucos recursos e muitos sonhos, nascia uma educadora.

Em 1990, ela ingressou oficialmente na Rede Pública Municipal de Vitória da Conquista. Foram mais de 33 anos dedicados à educação. Três décadas em que viu escolas erguerem paredes, mas permanecerem com buracos estruturais. Sempre acreditou — como tantos educadores — que se alfabetiza em qualquer lugar. Mas nunca aceitou que essa frase fosse usada como desculpa para negar direitos. A questão nunca foi a capacidade de ensinar; sempre foi a dignidade de quem ensina.

Filha da emblemática Escola Municipal Antônia Cavalcanti e Silva, Jane se orgulha de ter caminhado uma longa estrada. Mas se emociona ao dizer que essa caminhada poderia ter sido mais leve, mais justa, mais célere. “Poderíamos ter dado passos mais largos…”, reflete. Ainda assim, não se arrepende. Sua biografia é feita de profissionalismo, inquietação, busca e realização. E sim — mesmo que pareça piegas para alguns — ela fala de amor. Porque quem vive a docência de verdade sabe: só permanece quem ama. E amar, nesse ofício, nunca foi sinônimo de submissão; sempre foi combustível de luta.

Jane gostaria de ver a educação, de fato, como prioridade. Com valorização que ultrapasse o discurso, mas que também se reflita no contracheque. Porque quando um professor falta à aula para participar de um ato ou assembleia, ele não está ausente — ele está lutando para permanecer. Lutar, para o professor, é outra forma de lecionar.

Hoje, aposentada pela imposição de uma política que a retira da sala de aula, Jane se emociona. Não pela partida, mas pela interrupção. “Eu não estava preparada para parar”, confessa. Sente-se inteira, capaz, cheia de fibra — e ainda com tanto a oferecer. A educação perdeu uma voz diária, mas nunca apagará uma presença que permanece.

No Dia dos Professores, sua história ecoa um pedido coletivo: que ser educador não seja um ato de sobrevivência, mas de reconhecimento. Que o amor não seja usado como justificativa para a precarização, e sim como motivo de respeito.

Porque há mestres — como Jane — que jamais se aposentam de dentro. Eles continuam, em cada aluno, em cada ato, em cada luta. E nos lembram que ensinar é plantar futuro… mesmo quando o presente insiste em ser árido.

Feliz Dia dos Professores. Àqueles que, como Jane, transformam garagens em escolas e resistência em legado.

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