A educação pública no povoado de Gameleira, em Vitória da Conquista, viveu um triste capítulo nas últimas semanas. O Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (Simmp) recebeu uma denúncia anônima que revelava a suspensão de aulas por mais de 15 dias em uma das escolas do Círculo Escolar Integrado (CEI). O motivo? A falta de transporte para os professores, causada pelo atraso de três meses no pagamento do serviço por parte do Governo Municipal.
Ao averiguar a situação, o Simmp constatou o imenso esforço dos educadores para minimizar os impactos desse descaso. Alguns professores, movidos por uma dedicação exemplar, chegaram a pegar caronas pela estrada para garantir que as crianças não fossem ainda mais prejudicadas. É preciso reconhecer e enaltecer essa determinação, que vai além das obrigações profissionais e revela o verdadeiro compromisso com a educação pública e os direitos dos alunos.
O sindicato esteve na Secretaria Municipal de Educação (Smed) antes da visita nas escolas afetadas para saber sobre a situação e a Coordenação de transporte sinalizou a regularização do pagamento aos prestadores de serviço, que deixou claro que se o pagamento não for realizado nessa semana (do feriado do Dia da Consciência Negra), que o serviço será novamente suspenso.
Durante a visita às unidades de ensino, realizada na manhã desta segunda-feira (18), o Simmp verificou que as aulas foram retomadas, mas o prejuízo educacional e emocional para os alunos e suas famílias já está registrado. Mães e pais da comunidade expressaram sua indignação ao sindicato. Para Romilda Santos Oliveira, mãe de um estudante, a situação foi tão crítica que seu filho precisou acompanhar aulas online, uma alternativa insatisfatória e de difícil acesso. Já Ildice Pereira Barroso e Jairo Santos de Oliveira, também pais de alunos, relataram não ter estrutura para ajudar seus filhos nas aulas virtuais, destacando o impacto desproporcional do problema em famílias de baixa renda.
A resolução 001 de 2023 do Conselho Municipal de Educação (CME), prevê que o ensino remoto pode ser utilizado em situações emergenciais e não pela falta de responsabilidade da gestão municipal com o cumprimento de suas obrigações.
Enquanto a prefeitura permanece em silêncio, o prestador do serviço de transporte confirmou ao Simmp que a suspensão ocorreu por falta de pagamento, colocando em xeque a gestão da educação municipal. Este descaso reflete um problema maior: o tratamento negligente dado ao transporte escolar e de trabalhadores da educação pública, que frequentemente tem tido inúmeros problemas e enfrentam condições indignas para exercer seu papel essencial.
O Simmp reafirma seu compromisso com a luta pela valorização da educação pública e pelo respeito aos profissionais da categoria. Situações como essa não podem ser normalizadas. A falta de planejamento e de responsabilidade do Governo Municipal não deve recair sobre os ombros dos professores e das famílias, muito menos dos estudantes, que estão tendo o direito ao acesso à educação pública de qualidade no modelo presencial negado. Que a dedicação dos educadores sirva como exemplo e inspiração, mas também como um alerta para a necessidade urgente de mudanças estruturais que priorizem, de fato, a educação e seus protagonistas.