Quando turmas de Educação para Jovens e Adultos (EJA) são fechadas, a oportunidade de aprendizado para adultos que precisam conciliar estudos com outras responsabilidades é drasticamente reduzida. Isso não só limita as possibilidades de avanço educacional e profissional desses indivíduos, mas também perpetua desigualdades sociais e econômicas. O impacto é ainda mais significativo em uma cidade como Vitória da Conquista, onde a oferta de educação para jovens e adultos é crucial para o desenvolvimento pessoal e comunitário.
Entre 2019 e 2022, o número de matrículas na EJA a nível nacional caiu de 3.545.988 para 2.774.428, refletindo diretamente a falta de investimento e a extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) em 2019 pelo Governo Bolsonaro.
A Secadi era crucial para a promoção da EJA, assim como para a Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola e Educação para as Relações Étnico-Raciais. A Educação Especial e a Educação em Direitos Humanos também foram severamente afetadas. A extinção desse órgão resultou em um período de abandono e desinvestimento que teve consequências graves.
Em Vitória da Conquista, por exemplo, o número de matrículas na EJA caiu de 7.471 em 2019 para apenas 6.101 no final do Governo Bolsonaro, uma redução de quase 1.400 matrículas. Este declínio pode ser atribuído diretamente ao desmonte de políticas e ao abandono de investimentos na modalidade. Sem incentivo e recursos adequados, a evasão aumentou e o interesse pela EJA diminuiu, um efeito colateral gerado pela própria política de descontinuação.
Os Governos Herzem e Sheila, ao enfrentar a queda nas matrículas, justificaram o fechamento de várias turmas noturnas com a desculpa de falta de procura. Na realidade, a diminuição no interesse pela EJA é resultado do abandono e da deficiente aplicação de recursos promovida não somente pelo então Governo Federal da época, mas por suas próprias gestões com a escolha política do fechamento de turmas, e não de uma real ausência de demanda. Com o retorno da Secadi em 2023, os dados já mostraram um aumento de mais de 450 matrículas no segmento, contudo, isso não impediu o fechamento de turmas no noturno em determinadas escolas e a desistência desse público por não encontrar a oferta em escolas próximas.
É essencial reconhecer que a educação deve ser uma prioridade constante. A EJA e as demais modalidades afetadas são fundamentais para a inclusão e a igualdade de oportunidades. Sem um compromisso sério com o investimento e o suporte, corremos o risco de aprofundar as injustiças e limitar o acesso à educação para aqueles que mais precisam.
O Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (Simmp) está na luta pela EJA, ao lado dos professores, para assegurar que a educação para jovens e adultos receba o reconhecimento e o investimento que merece. Estamos comprometidos em defender e revitalizar essa modalidade essencial, garantindo que todos tenham acesso às oportunidades educacionais que são seu direito. A nossa batalha é pela inclusão, pela justiça educacional e pela valorização dos profissionais que dedicam suas vidas a esta causa.