O Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (Simmp) vem a público mais uma vez para denunciar o estado precário da educação em Vitória da Conquista, especialmente no que diz respeito à tão propagandeada “modalidade de tempo integral”, que parece existir apenas nas palavras do Secretário Municipal de Educação, Edgard Larry. O cenário nas escolas da cidade e do campo mostra uma realidade bastante distinta daquela divulgada com pompa e circunstância.
A política nacional do regime de tempo integral já vinha sendo implementada anteriormente no município de Vitória da Conquista e em 2024 passou a ser ampliada sem nenhuma estrutura adequada nas escolas. Como se não bastasse, em 2025 a Secretaria Municipal de Educação (Smed) conseguiu inovar na precarização do trabalho e resolveu mudar a formatação do atendimento pedagógico de forma abrupta, sem nenhum planejamento ou orientação ao corpo técnico administrativo e docentes. Os professores, que antes acompanhavam a mesma turma durante as 40 horas – configuração que garantia maior acompanhamento pedagógico – neste ano terão que dividir essa carga horária para o acompanhamento de duas turmas. Tal medida, além de sobrecarregar os trabalhadores docentes, prejudicará o trabalho pedagógico nas turmas, causado por um contato ínfimo com o professor regente, uma vez que a maior parte da carga horária ficará a cargo de instrutores.
Além disso, por falta de funcionários, inúmeras escolas da tão chamada “modalidade de tempo integral”, não estão atendendo os alunos nos dois turnos.

Na Escola Municipal Pedro Francisco de Moraes, por exemplo, foi enviado um aviso às famílias dos alunos que o atendimento em dois turnos (matutino e vespertino) está condicionado à chegada de novos funcionários. Enquanto isso, o funcionamento segue restrito ao horário das 8h às 12h, com entrada e saída rigidamente estipuladas para 7h45min e 11h45min.
Outras unidades enfrentam situações absurdas. Na Escola Municipal Irmã Barbosa, professores relatam que não conseguem realizar suas Atividades Complementares (ACs) devido à escassez de profissionais. Além disso, falta livros didáticos suficientes para os alunos, o que compromete o trabalho pedagógico e a aprendizagem.

No Círculo Escolar Integrado (CEI) do povoado de Gameleira, os relatos são ainda mais preocupantes. A falta de profissionais sobrecarrega os que permanecem, e que precisam desempenhar funções além das suas atribuições, num verdadeiro show de improvisação que em nada contribui para a qualidade do ensino.

Não é difícil imaginar os transtornos administrativos e pedagógicos que uma gestão tão desarticulada pode causar. A indefinição não apenas expõe a precariedade do planejamento, mas também desrespeita os profissionais que se dedicam à educação pública.
E o que diz o Secretário de Educação, Edgard Larry? Durante a Jornada Pedagógica de 2025, com tamanha veemência, ele assegurou a um público de mais de 3 mil servidores que a modalidade integral já é uma realidade em diversas escolas. Resta perguntar: realidade para quem? Para os estudantes que enfrentam um atendimento reduzido e precário? Para os profissionais da educação que precisam lidar com a falta de condições adequadas? Parece que a propaganda e a prática não se encontram nem na mesma sala de aula.
Em tempos em que a educação deveria ser prioridade, o que temos é um projeto de tempo integral mal planejado, mal executado e repleto de improvisos. Para aplicar essa modalidade de forma digna, é imprescindível a formação de professores e funcionários, bem como a contratação de pessoal suficiente para atender às demandas das unidades de ensino.
O Simmp reafirma seu compromisso com a defesa da educação pública e com a valorização de todos os profissionais do magistério. Continuaremos a denunciar essas situações e a exigir soluções concretas do Governo Municipal. A propaganda pode até enganar temporariamente, mas a realidade sempre fala mais alto. E é por ela que lutamos.