Racismo não se lê: educação antirracista como ato de resistência. Simmp promoveu na tarde dessa quarta-feira (27) sua 4ª Formação Sindical

SIMMP

Redação

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Na tarde de ontem, quarta-feira (27), o Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (Simmp) promoveu a 4ª Formação Sindical, com o tema “Simmp no Novembro Negro: Por uma Educação Antirracista”. O evento, direcionado aos representantes sindicais do Conselho de Representantes Sindicais por Unidades de Ensino (CRSUE), reafirmou o compromisso do Simmp com a luta por uma educação pública que não apenas reconheça, mas enfrente as desigualdades raciais que permeiam a sociedade e as escolas.

A atividade contou com a presença da professora e pesquisadora Mª. Estela de Oliveira, referência na temática, que trouxe reflexões profundas sobre a prática de uma educação antirracista em sala de aula. A educadora destacou que, diante da realidade brasileira, “não basta não ser racista; é preciso ser antirracista”. Essa afirmação, embora simples, reflete um chamado à ação. É um convite a desconstruir as estruturas racistas que historicamente moldam nossas escolas, materiais didáticos e práticas pedagógicas. Para isso, Estela apresentou autores negros que, com clareza e didática, ensinam como construir uma educação inclusiva, crítica e emancipadora, como propõe a Lei 10.639/03.

Essa legislação, em vigor há mais de 20 anos, determina o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, mas a sua implementação tem enfrentado resistências que vão desde a invisibilização de autores negros até a perpetuação de obras problemáticas que reforçam estereótipos racistas. Um exemplo citado na formação foi Monteiro Lobato, cuja obra, embora reconhecida como clássica, carrega o peso de um racismo explícito. Livros como Caçadas de Pedrinho trazem expressões e narrativas que desumanizam personagens negros, perpetuando uma lógica de inferiorização que não pode ser tolerada na educação contemporânea.

A escolha de Monteiro Lobato como leitura obrigatória em escolas é, na verdade, um reflexo de um projeto de educação que historicamente exclui vozes negras. Para Mª. Estela, o desafio de construir uma educação antirracista exige um rompimento com essas tradições e a valorização de autores como Conceição Evaristo, Abdias Nascimento e Bell Hooks, que não apenas enriquecem o repertório literário, mas também promovem a reflexão sobre raça, classe e gênero, fundamentais para uma educação transformadora.

Além da análise crítica, a formação trouxe exemplos concretos de práticas pedagógicas que incorporam uma educação antirracista. A professora compartilhou experiências bem-sucedidas de projetos que utilizam literatura, música e história afro-brasileira para construir uma sala de aula mais inclusiva e consciente. Essas práticas vão além de meros discursos e representam um compromisso real com a formação de uma sociedade menos desigual.

O racismo, em sua essência, é também uma ferramenta de manutenção das desigualdades sociais. Nesse sentido, os representantes do CRSUE foram convocados a articular ações em suas unidades de ensino que questionem as estruturas do racismo e garantam que os professores tenham formação e recursos para implementar a Lei 10.639/03 de maneira plena.

Por fim, o Simmp reafirma que o combate ao racismo nas escolas é uma tarefa urgente e coletiva. Não basta incluir autores negros em um contexto tokenista; é preciso transformar a escola em um espaço onde todas as crianças, independente de cor ou origem, possam se reconhecer e se orgulhar de sua história. É um passo indispensável para a construção de uma educação pública verdadeiramente democrática, antirracista e emancipadora.

Essa formação foi mais que um debate, foi um ato de resistência e reafirmação de que a luta por uma educação transformadora continua e será fortalecida em cada sala de aula, em cada unidade de ensino, e em cada espaço sindical.

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